terça-feira, 5 de março de 2013

48 horas por dia

Sou professor, como muitos devem saber. Saio de casa 6:00 para começar as aulas às 7:00 (trabalho em outra cidade) e chego em casa por volta das 20:30 alguns dias e das 21:30 outros dias. É uma vida puxada. Entretanto, neste meu tempo de paternidade emprestada, uma coisa que aprendi é que não importa o quão puxada seja a vida e o quão cansado você esteja, parece que sempre, ao chegar em casa, há algo que ainda precisa ser resolvido.

Hoje mesmo, colegas da nova escola (O Victor começa agora o fundamental I) que roubaram o apontador de mundo (um globinho) que eu dei pra ele. E aí, quando ele explica a situação (alguém achou no chão quando ele deixou cair e achou que era de outro menino que mentiu dizendo que era dele mesmo) só uma nova conclusão aparece .... o que não tem nome não tem dono ... e vamos lá colocar nome em todos os ítens de material (sei que pais experientes podem achar que somente um tolo para mandar o filho pra escola sem nome no material ... bem, desta vez o tolo fui eu ... e olhe que vivo dando bronca nos alunos que não colocam nome nas suas apostilas)

Mas o material sumido é só uma das etapas, que já tinha sido precedida pela louca odisseia de conseguir fazê-lo entender a diferença de N e M (não é BAMAMA e nem NACACO) .... e olhem, essa odisseia levou longos dias .... mas hoje, pela primeira vez, ele acertou a Banana e o Macaco, ainda completando com Mato, Nada e Moto. Será que agora aprendeu mesmo? só dará pra saber na liçãozinha de amanhã.

Quando não é nada da escola, são os zumbis do jogo que dão medo, é o desespero no meio da noite com medo de morrer, é a fome fora de hora, entre tantas coisas. Às vezes ó só a saudade e a vontade de abraçar (pois é, creiam, o menino parece ter desenvolvido um amplo prazer em me abraçar ... e quem diria, parece que eu também)

Uma professora que trabalha comigo, com a qual tenho o prazer de discutir constantemente sobre paternidade e maternidade, ainda semana passada me falava "Vida de mãe professora é quase impossível. Pois além de se matar no serviço, chega em casa com lições pra corrigir, atividades pra preparar e ainda precisa cumprir seu papel que só mãe consegue cumprir" .... eu ainda acho que professoras mães são sim heroínas .... mas tenho aprendido que ser pai professor não fica atrás.

E aí fico me perguntando ... e as mágicas ainda mais supremas das mulheres que são mães, professoras e moram sozinhas com seus filhos? .... só por milagre mesmo.

E cada dia mais eu penso em ter uma conversinha séria com Deus .... quem sabe fazer a terra girar mais lentamente para o dia ter 48 horas .... porque mesmo 36 não parecem que bastariam.

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