domingo, 3 de fevereiro de 2013

Vamos brincar de Simpsons?

O Victor não me chama de pai. Diretamente nunca chamou. Já conversamos com ele sobre essa possibilidade, mas ele se sente muito envergonhado em qualquer tipo de conversa sobre isso. Mas o que percebemos é que pouco a pouco ele inventa situações para permitir que isso ocorra "na brincadeira" A mais famosa agora é querer "brincar de Simpsons"

Gostamos de assistir Simpsons juntos, na verdade, em termos de ver TV é uma das poucas coisas que temos o costume de assistir juntos aqui em casa, sendo que eu chego tarde, e gostamos mais de outras atividades familiares do que a televisão, de viagens a jogos, etc. Mas eis que ele inventou a ideia de "brincar de Simpsons" onde eu sou o Homer (facilitado pela minha forma arredondada) a Karen é a Marge e ele o Bart.

A brincadeira pode até começar referente a alguns aspectos ligados ao desenho, como o Bart falando mal do Homer e eu fingindo que o enforco, como na animação. Mas isso não dura nem os primeiros dois minutos. Após isso, ele, mesmo sendo Bart, volta a ser o Victor, e passa um bom tempo ainda na brincadeira, fazendo outras coisas com o seu "pai Homer", em uma família muito diferente daquela da televisão, apenas uma forma mais amena que ele encontrou para poder me chamar de pai, sem, precisar, me chamar de pai, abertamente.

Onde está a Minha Mãe e o Meu Leandro?

Primeiro, aos leitores do blog peço desculpas pela falta de periodicidade, mas é que essas questão da paternidade emprestada vai surgindo aos poucos, e infelizmente boa parte das vezes que surge, simplesmente não há tempo para escrever. Seja como for, pretendo, a partir de hoje, conseguir escrever aqui mais a miude para contar meus causos.

Hoje vou contar algo que ocorreu dois dias atrás, quando fui visitar um colega de faculdade chamado Daniel Giandoso. Fazia muitos anos que não nos víamos e foi esta a primeira oportunidade que tinha tido de conhecer os 3 filhos dele, um de 8, um de 6 e outra de 4. E pela primeira vez eu fui levar meu "filho" para visitar um amigo com filhos em sua casa.

Acontece que os meninos dele o tempo todo (como é de se esperar de qualquer criança) ficavam chamado o pai. Ficavam falando para o Victor "meu pai isso" "meu pai aquilo" ... foi então que vi a pérola. O lanche estava sendo servido na cozinha para as crianças enquanto eu e a Karen estávamos na sala. O Victor, quando não nos viu ao lado dele falou em alto e bom tom:

- ONDE ESTÁ A MINHA MÂE E O MEU LEANDRO?

Ele não me chama de pai, e embora tenhamos falado para ele que caso quisesse ele poderia, não colocamos força em cima disso, achamos que ele deve naturalmente me chamar da forma como achar melhor. Mas aquilo marcou. Minha mãe e meu "Leandro", porque não era simplesmente chamar "onde está o Leandro" ... não diante de todas aquelas crianças que podiam se gabar do MEU diante da palavra pai. Ele queria fazer mais, queria atribuir esse possessivo MEU ... mas não ousando me chamar de pai .... então percebi que eu deixei de ser o Leandro e passe ia ser o LEANDRO DELE .... talvez, isso possa, de alguma forma, valer até mais do que ser "Pai Dele" ... afinal muitos tem os seus pais .... mas o SEU Leandro só ele (quer dizer, muitos por aí tem seus pais chamados Leandro, e muitos são os pais emprestados como eu sou" independente disso, o relato sem dúvida marcou.